quinta-feira, 20 de março de 2014

Cícero França



Cícero França (1884-1908), figura quase esquecida das nossas letras, foi incluído por Andrade Muricy no "Panorama do Movimento Simbolista Brasileiro". Dos poetas de União da Vitória (talvez nosso primeiro grande poeta), foi o que mais se projetou no cenário literário brasileiro. Filho de Napoleão Marcondes de França e de Francisca Olímpia Silveira de França, da família do Coronel Amazonas, o local de seu nascimento é incerto. Alguns biógrafos apontam a Fazendinha (Rosal do Cruzeiro), em Palmas, como sendo o local de seu nascimento. Outros indicam União da Vitória. Como os arquivos do Cartório de União da Vitória anteriores a 1938 foram perdidos, o mistério provavelmente perdurará. Independente de sua origem, é certo que a família do poeta viveu em União da Vitória, projetando-se no cenário político e econômico da região. Com base nos poucos relatos biográficos, podemos afirmar que Cícero França possuía um espírito viajante e aventureiro, pois além de morar em União da Vitória, viveu em Curitiba, Salvador, Rio de Janeiro e São Paulo, chegando a participar de grupos literários na Bahia. Em 1908, bastante debilitado, o poeta decide visitar a família em Porto União (ou União da Vitória), mas morre no Hotel Palermo, na Praça da Matriz, em Ponta Grossa, na noite de 10 de julho, sendo assistido pelo irmão mais novo Vespertino França, responsável pelo seu espólio. O corpo foi transportado para União da Vitória. O corpo está sepultado no Cemitério Municipal. Seu irmão, Vespertino escreveu: "(...) poucas horas antes de expirar recordou comigo passagens de nossa vida em família, fez algumas recomendações e já alta madrugada, mandou que me deitasse para repousar. Pela manhã, quando acordei, encontrei-o morto. Assim, fui eu, que contava apenas meus 12 anos de idade a única pessoa presente nas suas derradeiras horas de vida". Na foto, publicada na revista "Bomba", de Curitiba, o poeta de chapéu (em uma de suas únicas fotografias). Cícero teve poemas psicografados por Chico Xavier

terça-feira, 18 de março de 2014

Refiro-me a uma palavra toda azul, um blues tocando na vitrola, ou o ritmo fulgurante da dor de dentro ou de dente. Piegas é a chuva lá fora quando a alma, a mente, o espírito - seja lá o que for ou o que quiseres -, pede um sol, uma água tônica com rodela de limão, ou apenas um abraço no silêncio. Talvez essa palavra seja apenas o retrato de um homem amarelo, ou o sussurro da bailarina sequestrada numa pequena caixa de música. Mas tenho com os meus botões que tudo isso ainda vai virar a cena trágica de um filme iraniano - que nada me serve sem legenda. Ah, todas as palavras são falsas como a dublagem de uma novela mexicana ou como o bom dia do vizinho. Mas, às vezes, é quase tudo o que nos resta....