sábado, 15 de novembro de 2008

meu porquinho da índia

O primeiro poema que eu fiz eu copiei de uma antologia da Cecília Meireles. Era para impressionar uma namorada. Não é bem isso, ela ainda não era minha namorada, mas eu imaginava que, ao escrevê-lo e mostrá-lo, teria chance maior de ganhar um beijo. E se ela gostasse do beijo, talvez me desse outro, e se ela gostasse do beijo e do poema, talvez me namorasse. Sim, foi o primeiro poema que escrevi. Eu copiei de uma antologia da Cecília Meireles. Nunca tinha contado isso para ninguém, talvez por medo de desmistificar o acontecimento, transformando minha estreia num imperdoável plágio. A Cecília não me perdoaria nunca. Talvez o fato de já me imaginar poeta naquele tempo, mesmo sem nunca ter escrito um poema, com exceção daquele que copiei de uma antologia de Cecília Meireles, me ajudou a buscar a poesia. Talvez para continuar mantendo a ideia de que de aquilo que eu fiz, a cópia, era meu primeiro poema. Talvez, ao ler essas linhas, ela agora lembre o primeiro poema que escrevi para ela e para mim. Talvez ria. Talvez lembre quem era, quem éramos. Não são poucas as vezes que pensei nesse poema, não menos declamei, aos berros quando estava atônito, em silêncio, quando queria lembrar de meu primeiro poema, de minha primeira namorada, e em afago quando queria lembrar quem fui.

Um comentário:

Gabriela Galvão disse...

A Cecília te perdoaria, sim!!!, pode crer!

Sim, então funcionou?! Ela gostou do poema, do beijo, do poema e do beijo!, hauhauhauahuah


(Ao contrário de vc, eu escrevia mta poesia qd criança e agora, necas!... S/ dor e frustração, sem me engessar; eh bom que se diga.!)


Abraços e beijinhos