quinta-feira, 14 de abril de 2022

"Verde, Amarelo, Vermelho", de Luisandro Mendes de Souza



Notícia boa! Acaba de sair o romance "Verde, Amarelo, Vermelho" (Editora Kotter), do meu amigo Luisandro Mendes de Souza. Tive o prazer de escrever a apresentação. É um livraço desse professor, escritor e linguista que, além de mergulhar na semântica formal, caminha com perspicácia e sagacidade pela seara da literatura.

O livro pode ser adquirido aqui: https://kotter.com.br/loja/verde-amarelo-vermelho-luisandro-mendes-de-souza/?fbclid=IwAR06X3-k7DpaSUxzkAAl9xDswvxwOm65zKIOl_lxssVROfW4AyLAZVKjx4E


Apresentação


Quem nunca sentiu, pelo menos uma vez, aquela estranha sensação de ser personagem da própria vida? Quem nunca se perguntou qual é o seu papel nesse teatro? Talvez o protagonista de “Verde Amarelo Vermelho” não seja de fato um personagem. Talvez ele seja o leitor de nossa história (o leitor, aliás, sempre me pareceu um tipo estranho de personagem). Talvez sejamos nós os atores. Ele nos mostra o quanto somos fictícios. O que não significa que vivamos de mentira, mas que atuamos sempre nesse espetáculo que é a realidade. Somos o Maurício interpretando nossa novela cotidiana. Mas, simples como ele, nem percebemos que, no nosso drama, somos sempre - e por direito - o personagem principal. O livro, assim, nos mostra o quanto o ordinário pode morar no comum. Maurício é ordinário também no sentido popular da palavra, um cafajeste, mas apenas porque deseja muito - e ao mesmo tempo - Marias e Clarices e Claras e Patrícias e Vanessas. Sim, ele é um personagem que deseja, e por isso sua vida desinteressante é tão interessante. Seu desejo vem sempre assim, desavisado, como um pensamento, como “preciso tomar um sorvete de pistache um dia desses”, e a vontade passa, mas o desejo não. E ele está sempre ali, pronto para entrar em campo. Dois universos permeiam a narrativa de Luisandro Mendes de Sousa, o do futebol e o do táxi. O livro faz lembrar que nossa vida é sempre um jogo. Como Maurício, nos esforçamos para sermos o juiz, mas nunca passamos de jogadores. Resta saber se nossas faltas nos ajudarão a vencer as adversidades ou se nos trarão cartões amarelos ou vermelhos. Somos também motoristas, tentando dirigir nossa própria vida, mas às vezes, desgovernados, esquecemos de olhar para o sinal. Para entender melhor tudo isso, o leitor deve começar logo a ler as páginas deste livro. Atenção para o semáforo se abrindo, Vermelho, Amarelo... Verde... Aceleremos!

 Caio Ricardo Bona Moreira


Driblando a morte com palavras

 

Jair da Silva, o Craque Kiko, acaba de lançar seu novo livro "Um tempo de Muitos Começos", pela editora Kotter. Tive a alegria de prefaciá-lo. Abaltazar Rei, o protagonista, é uma personagem que precisa ser conhecida pelas leitoras e leitores. Jair da Silva é um grande estudioso da memória esportiva de Porto União da Vitória, cronista, e mais recentemente autor de romances também.


 Prefácio

Jair da Silva, o Craque Kiko, tem brindado o público com uma vasta produção literária. Das publicações sobre a memória esportiva regional - seja nas crônicas jornalísticas ou nos livros que abordam a história do futebol local - a novelas literárias com suas curiosas intrigas, não sem uma boa dose de suspense, o escritor vem se destacando entre os narradores do Vale do Iguaçu.

Em um mundo no qual a literatura, a cada dia que passa, se torna mais necessária por promover com suas fabulações uma reflexão sobre a vida que desejamos - por nos convidar a viver outras vidas e por meio desse contato imaginar outras possibilidades de existência no mundo em que vivemos -, escrever passa a ser um ato, então, de grande importância. Publicar, a despeito de todas as dificuldades inerentes, é um ato de coragem. Por isso saúdo a chegada desta nova novela que o autor traz a lume.  

Este é um livro que pode cativar os leitores desde as primeiras páginas. Nelas, uma certa poesia reproduz um ambiente paranaense que ajuda a forjar o caráter de suas personagens e a beleza do livro.

Há uma candura na figura de Abalthazar, o protagonista, que vem talvez de sua vivência interiorana, cuja simplicidade não deve ser confundida com falta de profundidade. Pelo contrário, há uma riqueza que se esconde por trás do sujeito comum, como uma boa prosa pode nascer entre uma cuia e outra de chimarrão. É isto, Jair é um bom contador de histórias. Deu vontade de tomar chimarrão com ele. Não é isso o mais importante na literatura, saber convidar o leitor a percorrer com olhos curiosos as páginas de um livro?

Quando comecei a ler “Um tempo de muitos começos”, fui logo pensando: como isso vai terminar? Para que lado irá esse personagem? É um drama? Quando concluí a leitura, imaginei: E como tudo isso vai continuar depois do fim? Como seria se pudéssemos participar da trama, transformando o destino das histórias? Pensar sobre a vida dos outros é um convite para uma transformação intimamente nossa. Por isso também a literatura é tão interessante.

As personagens deste livro são comuns. Parecidas com nossos vizinhos ou parentes aqui do Porto ou de União. São eles, somos nós que estamos aí. Quem nunca viveu um drama? Quem nunca ouviu de um conhecido um causo cujo enredo daria um filme? Serão as personagens um retrato do que somos? Ou nós é que somos personagens deste livro que chamamos de vida?

Lendo as páginas desta novela, lembrei de Guimarães Rosa, em suas Veredas: “Viver é muito perigoso”. Veredas são caminhos e quando se escolhe ir para um lado, estamos perdendo o outro, estamos sim alterando toda a rota, a nossa, e a daqueles que nos rodeiam. O livro mostra isso: A vida é feita de escolhas. Sem abrir o livro, como o Caderno Rosa que alguém guardou um dia em um cofre, fica difícil saber o final da história, fica mais difícil mudar o destino. Enquanto o tempo da vida passa, e o ponteiro vai marcando mais um, no fundo ele está dizendo: menos um, menos um. Aprendi essa lição com Mario Peixoto e reaprendo novamente com este livro. Difícil driblar o tempo, a morte, mas a literatura, com suas palavras, nos ajuda. A Sherazade, do livro “As Mil e uma Noites”, que o diga. Ela soube fazer da vida um tempo de muitos começos. Com arte, vive-se melhor. Ou ainda, com arte é mais possível viver. Mas enfim, o tempo está passando e o livro está aí em suas mãos e então é melhor você começar a lê-lo.  


Caio Ricardo Bona Moreira

 

 


quarta-feira, 6 de abril de 2022

CBN em Prosa e Verso

 

Nos vemos lá na CBN!



🙋🏻‍♂️ Caio Ricardo Bona Moreira

📚 Autor dos livros Esquinas, Fábrica de Flores, Oriki Daqui, Papele,  e outros que estão por vir.

E ele é o novo colunista da CBN Vale do Iguaçu - 106.5 FM. A coluna vai ao ar sempre às quintas-feiras, às 14h25, durante o programa CBN Tarde de Notícias. A coluna contará com participações de escritores.

Link da coluna:


Link da Rádio:

https://www.vvale.com.br/cbnvaledoiguacu/


"Moacir"


"Moacir" é um poema que escrevi para meu avô. É sobre ele, mas também sobre aqueles que vieram antes dele, e para os que virão depois. Foi publicado inicialmente numa edição da @quintamaldita , do Demétrio Panarotto. Aqui, o poema pode ser ouvido na linda voz da poeta Elisa Tonon. Na foto, meu avô, criança, no colo de seu pai João Moreira.

Poema:

https://www.youtube.com/watch?v=rqwJhaSnPUs