O escritor carioca Fábio Cezar está lançando o tão esperado romance "O Silêncio Somos Nós", pela editora Mundo Contemporâneo. Tive o prazer de escrever a orelha:
Como decifrar um mistério sem as pistas necessárias? Como chegar a algum lugar desconhecido quando a bússola não tem agulha? Há muitos mistérios que rondam a narrativa de “O silêncio somos nós”, todos mais ou menos difíceis de resolver. A literatura pode ser um instrumento para desvendar o indecifrável, mas também uma forma de potencializar os enigmas. O narrador do livro de Fabio Cezar é um acumulador de memórias que tenta montar um quebra-cabeça de sua própria vida. Deslocado, mergulha em sua infância, revelando aos leitores a dura tarefa de crescer, tendo como pano de fundo o Brasil dos anos 80, em pleno processo de redemocratização. No livro, a esperança se mistura ao desencanto, dimensionando a atualidade do romance. Um enigma envolvendo a origem do narrador se intercala com um capítulo trágico da história do país, do qual seu avô é também personagem. Dois grandes mistérios movem o narrador a buscar um entendimento de quem ele próprio é. Mas nesse puzzle, ele mesmo confessa, está atrasado há algumas décadas. O silêncio é o protagonista, trazendo com ele a ausência de respostas e a proliferação de perguntas. É uma história sobre a vida real, porque no fundo todos somos estrangeiros em nossa própria casa. Filiado a uma rica tradição da literatura de memória, no Brasil, a obra de Fabio Cezar, proustianamente, mostra que a infância é uma casa que mais nos habita do que por nós é habitada. Bebendo na fonte de autores como Graciliano Ramos, Pedro Nava, Marcelo Rubens Paiva e Milton Hatoum, “O silêncio somos nós” é um acerto de contas com o próprio passado e com a história do Brasil. Insisto, é um livro profundamente atual. Tudo isso tendo como pano de fundo canções de Lennon e McCartney, bem como um samba de Heitor dos Prazeres, tocando ali, em Bento Ribeiro, subúrbio do Rio de Janeiro.
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