quinta-feira, 8 de dezembro de 2022

Filmando o levante “No Intenso Agora”, com Caio Ricardo Bona Moreira (UNESPAR)





Confira aqui a palestra


João Moreira Salles, em “No Intenso Agora”, documentário lançado em 2017, parte de vídeos caseiros e anotações realizados por sua mãe durante uma viagem à China, em 1966, confrontando este episódio com uma reflexão sobre as manifestações de Maio de 68, na França, sobre a Primavera de Praga, e sobre a Ditadura Brasileira. O que todos esses acontecimentos têm em comum, além de atravessarem ou serem atravessados pelo mesmo tempo, é uma questão que vai se delineando ao longo do filme, a saber, a forma como a história é filmada, ou seja, a maneira como os levantes são registrados. O título do filme aponta para uma das chaves de sua leitura, que é a questão do tempo, a forma como lidamos com ele, ou melhor, a forma como somos transformados por suas imagens. O documentário é nesse sentido profundamente contemporâneo, assim como o nosso tempo é profundamente político, assim como é político todo o tempo para todos aqueles que em sua época o experimentam em profundidade.

Os episódios que percorrem “No Intenso Agora” estão a sinalizar os espectadores para incêndios futuros. Se esses acontecimentos estão no filme é porque alguém os registrou. Eles estão na história. Em um momento o cineasta observa que essas imagens existem porque a liberdade de expressão não acabou de um dia para a noite. À medida que isso acontecia, aumentava a sensação de urgência, enquanto ainda era possível o registro, o testemunho. O filme, nesse sentido, acaba refletindo também sobre os usos políticos das imagens. O que fazer com elas? Ou ainda, como fazer o levante, ou melhor, como filmar a história no Intenso Agora? A nossa proposta é promover com a conversa a proliferação dessas perguntas. Sobre o ciclo O ciclo “Imagens para sobreviver ao contemporâneo” reúne palestrantes de diferentes campos dos estudos literários para debater questões contemporâneas marcadas pelo signo da urgência. A ideia é que cada palestra parta de uma imagem ou de um grupo de imagens para tecer suas formulações. Esta proposta está baseada em uma esperança – possivelmente infundada ou infundável – aberta pelo conceito de Nachleben cunhado por Aby Warburg: se as imagens sobrevivem ao tempo, são inerentemente anacrônicas, então talvez refletir sobre elas nos possibilite sobreviver e mesmo reverter o fluxo de tempos sombrios.
O escopo das imagens é o mais amplo possível: de fotografias a ícones religiosos, de pinturas pré-históricas a peças de propaganda.
Organização: Tiago Guilherme Pinheiro e Pró-Reitoria de Extensão da UEPG Equipe organizadora: Pedro Henrique Hara Matoso, Rosana Divina Furtado e Marta Ferreira Pinto

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