O panfleto político-cultural SOPRO, publicado pela editora Cultura e Barbárie, editada por Alexandre Nodari e Flávia Cera, apresentou em dezembro de 2010 a tradução (feita pelo próprio Nodari) de um interessante texto de Georges Didi-Huberman. Trata-se de uma apresentação da exposição "ATLAS: Como levar o mundo nas costas", em cartaz até março deste ano no Museu Reina Sofia, em Madri, Espanha. No texto, Didi-Huberman retoma a figura de Atlas que, segundo a mitologia grega, foi punido por tentar, junto com seu irmão Prometeu, enfrentar os Deuses do Olimpo com a finalidade de tomar deles o poder e dá-lo aos homens. Reza a lenda que Atlas foi obrigado a sustentar com seus ombros o peso da abóboda celeste inteira. O que lhe deu um conhecimento ao mesmo tempo fantástico e pavoroso. O fato fez surgir um paradoxo, a possibilidade do conhecimento e a impossibilidade de sua representação. Saber em excesso pode ser uma forma de sofrimento. É a Musa da Impossibilidade que nos fala Alberto Manguel, ao se referir ao ato da escrita. Heautontimonumeros, de Baudelaire... somos, ao mesmo tempo, carrascos e vítimas de nós mesmos. Outra imagem retomada por Didi-Huberman é o projeto magnífico Atlas Mnemosyne, de Aby Wargurg, uma grande mesa de montagem das imagens de nossa história. Aliás, Didi-Huberman é um dos grandes leitores de Warburg. Segundo o historiador da arte, a exposição rediscute de maneira criativa o procedimento de montagem do Atlas Mnemosyne, convidando-nos, por meio da desmontagem, a imaginar modelos alternativos de se conceber a história . Vale a pena conferir:
terça-feira, 1 de março de 2011
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