terça-feira, 13 de maio de 2014

Fragmentos rachados de uma Venus rachada





O texto desnudo, a Venus rachada. 
A Venus desnuda, o texto despedaçado. 
A leitura deve ter a precisão cirúrgica de um corte. 
A leitura é uma fissura e a Venus seu norte.

“(...) El corazón de ese cuerpo nos resulta impenetrable, a pesar de ofrecerse a nuestras miradas en su más completa desnudez. Su especie de soledad pensativa lo aleja de nosotros como de su propia existencia sexual. Se diria que esta mujer está olvidando – o que aún no lo sabe – lo que significa y representa plenamente para los seres humanos el Amor, cuya divindad, como todo el mundo sabe, ostenta ella”. 

Um ano depois de pintar O nascimento de Venus, Botticelli coloca o rosto de Vênus em um retrato de Maria, em La Virgen de la granada (1487).

Entre o nu e a nudez: o nu é forma artística ideal, a nudez é embaraçosa.

“Se o nu é uma forma artística isso significa que se deveria poder desembaraçá-lo de sua nudez”.   

Didi-Huberman observa uma tensão inerente ao trabalho de Botticelli:

“Warburg había advertido muy pronto en Botticelli un dualismo entre la implicación personal y la distancia. Visualmente esto significa que las obras del pintor se hallan atravesadas por una contradicción tan extraña como admirable: los sujetos – los cuerpos, los rostros, las miradas – permanecen impasibles interiormente, al tiempo que toda la pasión correspondiente a las escenas representadas se desplaza hacia fuera, la mayoría de las vezes muy cerca, a la orilla de los cuerpos”

“Decir aqui que la representación se halla sometida al síntoma es constatar que su estabilidad aspectual – su vocación de suscitar um cierto reconocimiento de las formas, una certa referencialidad – se halla sometida a algo que se presenta a la vez como surgimiento, aparición de un rasgo inesperado, impensable, en la trama de lo representado, y como disimulo, desaparición del mundo donde ese mismo rasgo sería pensable”.

“Se observou em ocasiões que O nascimento de Vênus toma emprestado de Batismo de Cristo seu próprio esquema de composição: A água, a nudez, a unção e o recebimento do corpo nascente por um ou vários personagens que desempenham o papel de ministros do sacramento. Por outra parte, Botticelli não pintou unicamente nus pagãos”.

“A nudez seria bem mais esse processo de vertente dual que tão bem nos sugere Georges Bataille: Por um lado, a imagem do corpo se oferece, mostrando-se prontamente aos olhares, constituída como um conjunto orgânico que pode eventualmente recobrir-se como ícone de Efebo ou de Vênus; por outro lado, se abre, como se o movimento de desnudar-se – tirar a roupa – tivera que prolongar-se mais adiante da pele. Nesse instante, o tato de Eros conhece seu destino mortífero. Não existe imagem do corpo sem imaginação de sua abertura” 

Barthes que o diga!

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