sexta-feira, 13 de maio de 2022

Dario Vellozo: em busca do templo perdido




 Com alegria, comunico o lançamento de meu novo livro, "Dario Vellozo: Em busca do Templo perdido"


Sinopse

O livro apresenta um passeio pela vida e obra do poeta simbolista Dario Vellozo (1869-1937), curiosa figura que viveu em Curitiba no final do século XIX e início do XX. É também o relato de uma busca por seus passos.

Professor de história, teurgo, esgrimista, livre-pensador, homeopata, tipógrafo, agitador cultural, polemista, Dario foi também um entusiasta da cultura clássica grega, tendo promovido na cidade eventos como as Festas da Primavera, que tinham como intuito reavivar a Hélade pagã em plena modernidade. No bairro Vila Izabel, construiu o Templo das Musas, que ainda hoje é sede Instituto Neo-Pitagórico, uma frateria fundada com o objetivo de estimular, por meio do culto a Pitágoras, a cultura, a amizade, e o estudo. Paralelamente, ligou-se ao esoterismo, tendo publicado uma série de revistas com interesse místico, filosófico e literário.

O mago chegou a criar uma comunidade na cidade de Rio Negro, em 1914, que faz divisa com Santa Catarina. Ali, no lugar que chamou de Nova Krótona, criou a Escola Brasil Cívico, com uma pedagogia alternativa. O livro aborda o contato entre o escritor e outras personalidades como Philéas Lebesgue, Albert V. Fric, Roberto de las Carreras, Ida Hoffmann, Raymond Costet, Olavo Bilac. Dario Vellozo: em busca do Templo perdido revisita a belle époque curitibana para abordar a pervivência da poética simbolista na obra de autores contemporâneos. O poeta Paulo Leminski, que considerou Dario a figura mais interessante do simbolismo paranaense, aparece sentado na escadaria do Templo, inscrevendo assim um tempo em outro.

Este título compõe a coleção Biografemas da Editora Humana e foi contemplado com recursos do Edital Elisabete Anderle de Incentivo à Cultura do Governo do Estado de Santa Catarina.


Lançamentos

O livro será lançado presencialmente no dia 28 de maio de 2022, às 19h30, na cidade de Porto União (SC). O evento contará com a presença do autor e ocorrerá no Café Topázio (Rua Frei Rogério, 118 – Centro, Porto União).

No dia 23 de maio, às 18h30, ocorrerá uma transmissão ao vivo pelo canal da Humana Sebo e Livraria no Youtube, com a participação do autor, de Fernando Boppré (coordenador editorial da Editora Humana), de Ricardo Machado (organizador da Coleção Biografemas, historiador e professor da Universidade Federal da Fronteira Sul) e a presença especial de Manoel Anísio Moscalewski, poeta e músico,
membro honorário do Centro de Letras do Paraná, membro da Academia Paranaense da Poesia e da UBT Curitiba.

Em Curitiba, o lançamento presencial será na Livraria Arte e Letra (Rua Desembargador Motta, 2011 – Centro, Curitiba), no dia 20 de julho de 2022, às 19h, com a participação do autor Caio Ricardo Bona Moreira e do coordenador editorial da Editora Humana, Fernando Boppré.




Sobre o autor




Caio Ricardo Bona Moreira é professor e escritor, doutor em Literatura pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), com a tese Ruínas de um tempo/templo ou sobrevivências de Dario Vellozo na literatura presente, defendida em 2011, mestre em Ciências da Linguagem, pela Universidade do Sul de Santa Catarina (UNISUL), autor dos livros Fábrica de Flores (Medusa, 2019), Papele (Medusa, 2019), Oriki Daqui (Medusa, 2019) e Esquinas (Micronotas, 2020). Leciona na Universidade Estadual do Paraná (UNESPAR), campus da União da Vitória. (Foto: Luana Luise)


Sobre a coleção Biografemas

A grafia de uma vida é necessariamente o movimento desta vida. Biografemar é reconhecer na própria escrita a impossibilidade do todo, recusando a ilusão biográfica, escapando dos códigos e conexões lineares do gênero biográfico. Significa caminhar na direção do outro sabendo que não há como seguir pegadas de uma vida, sem deixar suas próprias marcas. Inspirado no conceito de biografema forjado por Roland Barthes, a coleção apresenta breves ensaios biográficos a respeito de artistas, cientistas, filósofos, educadores que, por algum motivo, hoje se encontram esquecidos ou afastados do cânone artístico e intelectual. Interessa-nos tomar a vida como um percurso que conecta a produção artística e intelectual de uma época, experiências daqueles viveram e/ou produziram à margem do seu próprio tempo ou em deliberado confronto com os cânones estabelecidos.

Título: Dario Vellozo: em busca do templo perdido
Autor: Caio Ricardo Bona Moreira
Capa, projeto gráfico e editoração: Aline Assumpção
Revisão: Zulma Neves de Amorim Borges
Coordenação da coleção Biografemas: Ricardo Machado
Lançamento: 28 de maio de 2022
Páginas: 128
Peso: 200g
Dimensões: 18 x 14 X 1cm
ISBN: 978-65-992233-6-5

Para adquirir o livro:


Live de lançamento do livro promovida pela Humana Editora:



Divulgação :

segunda-feira, 2 de maio de 2022

Fis(s)uras, de Juan Terenzi








Está saindo pela editora Micronotas o livro "Fissuras", do poeta e tradutor Juan Terenzi. Tive o prazer de escrever a orelha. Os poemas dessa bela edição atuam na confluência amorosa, mas não sem conflito, de dois territórios, que são dois idiomas. Sua poesia está na fronteira, ou melhor, no limiar, onde as línguas se amam e se armam. Nas frestas falam sempre as fissuras. A edição está linda!

Orelha: 

Serpiente o ser puente?

Aqui, duas línguas estão postas em confluência amorosa. Elas se amam, poderíamos dizer, mas não sem confronto. Por isso, ariscas se arriscam fazendo nascer no atrito da fricção a faísca da poesia. Elas dançam e assim se enlaçam, ambas na mesma vertigem. E como num poema de Christophe Tarkos, elas se beijam e vão se acariciando mutuamente na boca do poeta. E lá onde uma língua toca a outra, Juan Terenzi multiplica as possibilidades sonoras e simbólicas de seu jogo. Tal experiência põe em evidência a própria complexidade da fronteira, entendida como zona estável e precisa. É expandindo o idioma para além do seu limite que a poesia cumpre a vocação de uma deriva nômade. Que terceira língua é essa? Que geografia está implicada aqui? A do confim, certamente, na qual é abolido o limite preciso entre o dentro e o fora, o eu e o outro, Troia e Desterro. O problema das identidades está lançado. Duas línguas se amam e se armam, se tocam e se trocam, abrindo-se para um limiar. Às vezes, o encontro sonoro só se dá pela mistura das duas línguas. É quando a heteroglossia salva a rima. A poesia, assim, se constrói como diferença. É também uma política. Naturalmente, essa riqueza amplia as potencialidades sígnicas dos poemas ao passo que complexifica a oposição de dois termos no seu desejo de Neutro. Tal jogo faz lembrar as escritas inventivas e radicais de Douglas Diegues e Wilson Bueno, embora estas também lhe sejam bastante diferentes. A zona de indeterminação linguística é o território sobre o qual se move a língua literária de Fis(s)uras. Leio o livro perguntando o que lhe motiva em cada lance a passagem de um registro a outro? E aos poucos vou descobrindo uma resposta. É a língua que cavalga o poema e não o seu contrário. José Martí bem disse que “la lengua es jinete del pensamento y no su caballo”. O poema é esse sol que passeia al revés. No fim, desnudos estão o poeta e a língua. E o jinete acaba por ser esse mago alquimista amante e lutador, indecidido entre “el que no sigue nada fijo o / aquele que une dois em um”. Que bela luta amorosa e estrangeira.

Caio Ricardo Bona Moreira