tua cruz
É o nosso
mundo
Antes fosse
Que a treva
Esse peso
Um facho de luz
Criaste
Somos
Mesmo e de fato
O calvário e a cruz
Não sabemos o que dizemos,
Não sabemos o que fazemos,
Livra-nos de nós mesmos,
Mas deixa um cadinho
Pra esperança,
Pra ver se o sopro
chamusca de novo a chama,
Amem, Jesus!
Santo Antonio
Antes do mundo
Do que de Pádua
ou Lisboa
Devoto sou
Desse ser
que tirou
As sandálias
Para virar
O senhor
dos caminhos
Quem me dera
Seguir os seus passos
Ou ficar em seus braços
Feito fosse de gesso ou barro
No altar Jesus menino
***
Oratório
A carregar ad aeternum
Como Atlas o mundo
Jesus criança nas costas
Vai e cruza o rio
Pagão convertido
Reprobus ou Offerus
Em Cristóvão cristão
um bastão ou cajado
E a fé, essa carga pesada,
Que transforma
Em divina graça
O karma do peregrino
Benfazejo
Vai Cristóvão
Vai benzendo
Com água santa
O viajante,
O motorista
O caminhão
No nascer da palmeira,
Me empolgo com a história
E como num filme de Pasolini
Me transformo no santo:
Vem o rei e me corta a cabeça
Agora só vejo
Por Deus,
Nosso senhor,
Com o coração:
Corta!
Ano novo
Que você
Receba
(No ano que chega)
Tudo o que quiser!
Sagrado seja
O teu viver e
Tudo o que vier!
!Hay que hacer da vida
Un eterno
Milagro!
Como o ar
que se respira
O sal do mar,
Do pão, o vinho,
E o sangue vivo de
San Gennaro
Das coisas do céu e da terra
Os índios respeitando seus rios
Os bichos e toda floresta
O homem um dia será
Se ler em seu breviário
No tempo que ainda lhe resta
O canto de um sabiá
O tal rio que leva seu nome
E a água como a fé o tau
E a palavra a todo mortal
Que dela tem sede e tem fome
Em toda mãe preta
O semblante da padroeira
Que abraça seu filho Brasil
Regando com seu leite
O solo auriverde
E a boca faminta
Do menino que traz
Gravado no peito
E ao mesmo tempo
Seu destino de pária
Neste vale de lágrimas
E a esperança
De uma pátria
mais mátria
mais justa e gentil
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