Participarei nesta semana da exposiçao "FotoGrafia", da Fotógrafa Francielle Misturini com uma série de poemas que anos atrás escrevi sobre o Corpo. Os textos brotaram de uma excitação despertada pelo irezumi, o corpo entendido como papel, ou seja, pele que o poeta tanto tateia quanto tatua. Como não lembrar aqui do pequeno ensaio (sobre o qual já comentei por aqui) que Sarduy escreveu para o belo e inspirador livro Corpografia, de Josely Vianna Baptista: "Irezumi parte do que constitui, por definição, a tatuagem: é indelével. Para suprimir uma tatuagem seria preciso arrancar a pele. O único modo de eliminá-la, de desvirtuar ou inverter a sua significação, é acrescentar mais tatuagem, completar o desenho intruso com outro, integrá-lo numa composição mais vasta (...)". Se a figura do poeta equivale a do tatuador, ao tatear e tatuar a pele do papel como o corpo de quem se submete a esse grafismo, a figura do leitor equivale a do tatuador que "escreve mais" ao ler, ou seja, que "acrescenta mais tatuagem", para usar uma expressão do Sarduy. A fricção entre poemas/fotografia gera um terceiro elemento que, a título de miragem, poderíamos chamar aqui de Foto-poema. Depois de mostrar os textos para vários fotógrafos, na expectativa de que algo fosse feito com eles, fiquei feliz pela Misturini tê-los acolhido na sua exposição. Fica o convite a todos os amigos que desejarem contemplar com tempo essas imagens e escritas do desejo! Dia 25 de setembro, no Clube Concórdia, em Porto União, às 19h30.
Nenhum comentário:
Postar um comentário