O texto desnudo, a Venus rachada.
A Venus desnuda, o texto despedaçado.
A leitura deve ter a precisão cirúrgica de um corte.
A leitura é uma fissura e a Venus seu norte.
“(...) El corazón de ese cuerpo nos resulta
impenetrable, a pesar de ofrecerse a nuestras miradas en su más completa
desnudez. Su especie de soledad pensativa lo aleja de nosotros como de su
propia existencia sexual. Se diria que esta mujer está olvidando – o que aún no
lo sabe – lo que significa y representa plenamente para los seres humanos el
Amor, cuya divindad, como todo el mundo sabe, ostenta ella”.
Um ano depois de pintar O nascimento de Venus, Botticelli
coloca o rosto de Vênus em um retrato de Maria, em La Virgen de la granada
(1487).
Entre o nu e a nudez: o nu é forma artística ideal, a nudez é
embaraçosa.
“Se
o nu é uma forma artística isso significa que se deveria poder desembaraçá-lo
de sua nudez”.
Didi-Huberman observa uma tensão inerente ao trabalho de
Botticelli:
“Warburg
había advertido muy pronto en Botticelli un dualismo entre la implicación
personal y la distancia. Visualmente esto significa que las obras del pintor se
hallan atravesadas por una contradicción tan extraña como admirable: los
sujetos – los cuerpos, los rostros, las miradas – permanecen impasibles
interiormente, al tiempo que toda la pasión correspondiente a las escenas
representadas se desplaza hacia fuera, la mayoría de las vezes muy cerca, a la
orilla de los cuerpos”
“Decir aqui que la representación se halla sometida al
síntoma es constatar que su estabilidad aspectual – su vocación de suscitar um
cierto reconocimiento de las formas, una certa referencialidad – se halla
sometida a algo que se presenta a la vez como surgimiento, aparición de un rasgo inesperado, impensable, en la
trama de lo representado, y como disimulo,
desaparición del mundo donde ese mismo rasgo sería pensable”.
“Se observou em ocasiões que O nascimento de Vênus
toma emprestado de Batismo de Cristo seu próprio esquema de composição: A água,
a nudez, a unção e o recebimento do corpo nascente por um ou vários personagens
que desempenham o papel de ministros do sacramento. Por outra parte,
Botticelli não pintou unicamente nus pagãos”.
“A nudez seria bem mais esse processo de vertente dual
que tão bem nos sugere Georges Bataille: Por um lado, a imagem do corpo se
oferece, mostrando-se prontamente aos olhares, constituída como um conjunto
orgânico que pode eventualmente recobrir-se como ícone de Efebo ou de Vênus;
por outro lado, se abre, como se o movimento de desnudar-se – tirar a roupa –
tivera que prolongar-se mais adiante da pele. Nesse instante, o tato de Eros
conhece seu destino mortífero. Não existe imagem do corpo sem imaginação de sua
abertura”
Barthes que o diga!
Barthes que o diga!
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