No último sábado, 21 de março, a Gazeta do Povo publicou em seu caderno de Cultura poemas inéditos de Cristóvão Tezza. Foi uma linda edição, ilustrada por Biel Carpenter. Na capa do caderno, o jornal publicou um pequeno texto não assinado, intitulado "Em primeira pessoa", cujas palavras observam que "o romancista pode observar o mundo do alto, como uma espécie de entidade que controla tudo", ao passo que "o poeta está no mundo, sentindo tudo". Como não lembrar da contraposição feita por Willi Bolle entre Os Sertões, de Euclides da Cunha, e Grande Sertão: Veredas, de Guimarães Rosa. Para ele, o olhar de Rosa sobre o sertão é o exato oposto das vistas euclidianas do alto: é o que ele chama de "perspectiva rasteira": "Enquanto o ensaísta-engenheiro sobrevoa o sertão como num aeroplano, o romancista caminha por ele como por uma estrada-texto". Euclides da Cunha é aviador; Rosa, o sertanejo que se embrenha na mata. Nesse sentido, quem fala é o sertanejo ao passo que, Em Os Sertões, ele é falado. Sem esquecer que Grande Sertão é também poesia. Por outro lado, Augusto de Campos soube muito bem observar a poesia que se depreende do romance-ensaio de Euclides. No fundo no fundo, há poesia também em romances, como defendia Octavio Paz. O Filho Eterno, de Tezza, prova isso. Que seja bem-vindo o Cristóvão poeta.
quarta-feira, 25 de março de 2015
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