Porto União da Vitória - 1912 - Foto: Claro Janson
Curiosamente, ao ler os Apontamentos Históricos
de União da Vitória (1768-1933), de Cleto da Silva, em um pequeno parágrafo,
aparentemente fortuito, cuja leitura distraída poderia obliterar o fato
descrito, encontramos uma informação que pode iluminar uma reflexão sobre os pioneiros da poesia em Porto União da Vitória.
Em meados do século XIX, quando a cidade era uma pequena vila, um dos
primeiros moradores, chamado Antonio Joaquim Castilho, mais conhecido como o
velho Guaráu, era um exímio tocador e ponteador de viola. Segundo o historiador
dos Apontamentos, o sujeito sabia fazer uma “porfia em regra”, bem como “não se
descuidava de fazer sapatos 'grosseiros' e chinelas, pois tinha o ofício de
sapateiro”. Ora, fazer porfia com a viola significa duelar em
forma de versos, à moda do repente, que é uma das manifestações mais
expressivas da literatura oral popular. Se estivéssemos buscando o nosso
primeiro poeta, o que de fato não é nossa preocupação, talvez o encontrássemos
nas porfias do velho Guaráu. Dos poemas escritos um de nossos primeiros
registros pode ser encontrado também nos Apontamentos de Cleto da Silva.
Trata-se de uma passagem assinada por F. de Castro em um documento referente à
demarcação de limites entre o Brasil e a República Argentina datado de 8 de
Novembro de 1889, momento em que o Império agonizava enquanto a República se
preparava para nascer. Uma semana depois da assinatura do documento pelos componentes
da comissão, proclamava-se a República no Brasil. Os versos de F. de Castro
parecem prefigurar os acontecimentos iminentes: “O progresso é uma força que
não para / Está no alto mar, está no Sahara / Em toda parte está / Gravitando
co´os os céos / vôa co´os ventos / E dilatando a esfera dos pensamentos / A luz
também lhes dá” (apud SILVA, 2006, p.
55).
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