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Esquizofrenia produtiva
João
Cezar de Castro Rocha, em Crítica Literária: Em busca do tempo perdido,
refletindo sobre o atual estado da crítica literária brasileira, bem como
desconfiando da vitória da cátedra sobre o rodapé, ou seja, do método sobre o
impressionismo, ou ainda, da especialização universitária sobre o diletantismo
humanista, propõe a reconstrução da história da institucionalização dos estudos
literários para de, alguma forma, "colaborar na invenção do lugar
contemporâneo da crítica literária - na universidade e nos meios de
comunicação". Tarefa audaz.
Depois de detectar um certo
marasmo na atual crítica produzida do país e de uma ausência de querelas entre
os críticos - que ao longo de nossa história sempre impulsionaram a produção
literária e crítica; basta lembrar de polêmicas como aquela alimentada entre José de Alencar e Gonçalves de Magalhães, no século XIX - o professor/crítico defende a prática de uma
"esquizofrenia produtiva" que preserve as diferenças entre os
discursos jornalístico e acadêmico, mas que produza uma "tensão
permanente" entre eles, em lugar de uma "conciliação cômoda". Com isso, Castro Rocha não defende o retorno anacrônico à
crítica de rodapé, mas a criação de um novo tipo de comentário crítico:
Comentário que, sem
abrir mão das conquistas do ensino universitário, aprenda a dialogar com as
preocupações típicas do público leitor, cuja maior parte não necessariamente
frequentou a Faculdade de Letras. Por que não atualizar a lição de Antonio
Candido e Mário Faustino, fecundando o ensaísmo acadêmico com a clareza do
texto jornalístico e, ao mesmo tempo, enriquecendo a visão crítica dos cadernos
culturais mediante a formação universitária?.
Seria
essa aproximação ao jornalismo um rebaixamento? Perderia qualidade crítica e/ou
poética o comentário a que ele se refere? Qual o lugar do ensaio nesse
processo? Questões fecundas.
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