quinta-feira, 10 de abril de 2008

O ARREPENTIDO


Não quero sasaber de mais nanada. Foi um sosôco na boca. Não, não, na barrirriga. Está entendendo? Foi, foi isso mesmo. Não, não. Eu não escrecreve via assim, assim. Mas agora piorou. Tentei proproteger com a mão. O miserarável quebrou meus ossosos. Dededo da Dédalo duro. Não dededuduro mais. Só dededo mole. Mementira. Fafalei que não fui. Didisse que eu era um cacagogo-eta. Quirodác-dác-ti-tilo. Fufura-bolo, o papai de todos. Deu uma a uma trememenda trememedeira. Dedemoro quase umas duas horas pra escrever. O meu mémédidico dididi......disse que é é irrever.........irreversículo. A lin-lingüística ex ex plica. Não expliplica nanada. Não é bibília? Não fafalo mais assim. Só escreeeeeeeeeeeeeeeeeevo assim. Não explica poporra nenhuma. A medicina aindadá não descobriu. Dadá é popoema sem sem sen sentido. Meu textoto ta loloco, mas não é dada. O doudoutor titiroou uma sasarro: “vá cantatar ou escreve ver aquequelala do nono-el, um gagago apaixonado”. Do Rorosa? Eeeeeessa, memesmo! Eeeeeeeeeeta. Quem quem ele pepensa que quem é? Não o Rorosa, o dodoutor. Com quequem ele ta falalando, eu não sou de trololó. Depopois incentivou: “vovocê já leu Jojoyce?” “Jojoca?” “Não, Já James Joyce” “Já”. É claclaro que não falooooooou assim, sim! Fafalou sem rerepetir.Eu é que arrerrepito. É claclaro que sim. Fo-foi depois de le le lo, não é memesosóica, ou meulhor mesosóclise, disso que quebraram minha mamãe, não, mamão, não a frufruita, nem a bibicha fortuita, a mamão do quiqui-ro-dáaaaaaaactilo, de dededo. Agora vai me deixar de castigo? Não a mama-mão, o memédico. O sesenhor é que é o do-dor-doutor tá? Fu fui me me embora. De-deixe que eu guarde os meus pleonasmomos, meus propobleas. Só escrevovo assim, sim! Não fafalo lo assim. Foi aquele que que quebrou o meu dededo. Dá demais dó deles. Não Dele, dedeles, dos de dedos, não de quem quebrou o dededo. Quem sasabe se eu escrever ver só cocomo vê vejo ou como, como não, não de cocomida, como quem falo, sim? Aí alguém me atende, entetende? Se eu ficar fafalando é memelhor, o meu mel do melhor. Ahhhhh, o doutor riu. O meu memeninozizinho lê popoesia? É claclaro que ele não fafalou assim, sim? Ele não arrerepete as papalávoras. Eu é que arrererepito, e já to arrepentido. É claclaro que sim, sim! Eu leio. E o sese-senhor e-e-endente de popoesia, se não me achamaria de popoeta, entende? Ah, que mamandou eu ser tão dededo do duro, minha mamão não taria ta tá tão boboba e tão estutúpida. Me arrerenego.

Caio Ricardo Bona Moreira
publicado originalmente em
www.oescambal.blogspot.com

Um comentário:

Pessoa Poesia disse...

Me diverti muito, lendo em voz alta!! Sensacional.